8/06/2016

TRADUÇÃO DO ARTIGO DA "KARATE" AQUI DEIXADO...

A pedido de vários que já não entendem francês, a tradução da entrevista do Sensei Morio Higaonna aqui deixada.

UM GRANDE MESTRE DE GOJU-RYU, 7º DAN. MORIO HIGAONNA INSTRUTOR-CHEFE DO GOJU-RYU NO JAPÃO
 Morio Higaonna começou a estudar Karate aos 14 anos sob instruções do seu pai, polícia em Okinawa. Continuou depois os seus treinos na escola secundária e depois na escola superior comercial de Naha. Karatekas de diferentes estilos aí se encontravam e praticavam em conjunto o “Shorin-ryu” (antepassado do Shotokan) e o Goju-ryu.
Seduzido pela potência que emanava do Goju-ryu obtém rapidamente uma carta de recomendação que lhe permitiria continuar o seu estudo. Descobriu novos katas e encontrou nos exercícios respiratórios um interesse suplementar e uma nova motivação para a prática de Goju-ryu.
Nessa época o Sempai (senior) que dirigia o treino de Higaonna ensinou-lhe que antes da guerra o Sensei Chojun MIyagi, fundador do goju-ryu ensinara nessa escola.
Os karatecas provinham dos dois principais sistemas (Shoriu e Goju) e treinavam em conjunto. Os treinos eram pois muito interessantes: encontros inter-escolas realizavam-se frequentemente complementando os treinos. Os combatentes praticavam, então, um Karate de contacto muito duro. Todavia, nenhum ponto era atribuído, apenas contava o KO, chudan. O karateka mais forte do clube era então nomeado capitão do dojo, título ambicionado que se partilhava pelos karatekas dos dois estilos. Ora era um de Shorin-ryu, ora era um de Goju-ryu.
Aos 17 anos de idade, Higaonna foi convidado para treinar sob direcção do Sensei Miyazato, num dojo localizado na casa de Chojun Miyagi. O treino tinha lugar na maior parte do tempo no jardim do defunto, arranjado com diversos tipos de makiwaras e com diferentes pesos para os exercícios de musculação: fundamentalmente chi’shi (halteres curtos de pedra).
Ai quinze alunos treinavam todos os dias, excepto ao Domingo. Durante esse período o jovem Higaonna treinava de oito a dez horas por dia!!! Retrospectivamente Higaonna admite que um treino desse tipo era demasiado duro. Ele foi mesmo vítima de falhas físicas graves. Todas as manhãs em consagradas ao ki-hon (treino de base), seguido do treino de makiwara, depois o treino terminava com um longo “footing” destinado a desenvolver a endurance e a resistência. Das 15h30 às 19h novo treino no dojo da escola superior. Após um breve descanso o treino era retomado na casa de Miyuji [lapso de impressão, é, obviamente, a casa de Miyagi] para uma nova sessão de três horas: os kata eram particularmente importantes. O Sensei Miyazato ordenava que cada karateka realizasse mais de mil vezes cada passagem que representasse uma dificuldade. O treino terminava com yakusoku kumite (combate pré-determinado) e de fyu [lapso de impressão, é, obviamente, jyu] kumite (combate livre) a partir da posição de shizentai (postura natural) destinado a desenvolver os reflexos. O treino terminava com um exercício específico do Goju-ryu designado kakete no qual cada praticante deve bloquear, com o ângulo formado pelo punho e mão qualquer ataque. Esse exercício era considerado como o melhor para desenvolver vigor e força nas técnicas destinadas a agarrar.
É durante esta passagem pela escola superior, que Higaonna começa a estudar o kobujutsu de Okinawa sob direcção de Sensei Kasahara. Após conclusão dos seus estudos comerciais, recebeu o seu diploma, Higaonna entre num banco em Haha [lapso de impressão, é, obviamente, Naha]. Após um ano deixou o banco e decidiu consagrar-se totalmente ao Karate.
Técnica e cortesia
Na mesma época o Sensei Miyazato abriu um novo dojo de Goju-ryu [refere-se, evidentemente, ao Jundokan, inaugurado em 1957] onde experimentou uma armadura destinada a atenuar os golpes e a permitir aos alunos poder treinar com a máxima força e sem perigo. A experiência fracassou, uma vez que alunos de diferentes níveis treinavam em conjunto. Miyazato decidiu introduzir no Goju-ryu um sistema de graduações que antes não existia, uma vez que antes não graduara ninguém.
Por vezes um instrutor de outro estilo visitava o dojo. Nessas ocasiões a atmosfera não era particularmente amigável, devido às dissensões causadas pela rivalidade criada entre professores.
Indiferentes a esse clima os alunos treinavam frequentemente juntos, partilhando técnicas.
Em 1959, Higaonna obteve o seu exame de San Dan (3º grau), deixando Okinawa indo para o Japão. Entra em Takushoku Dai gaku (universidade) em 1960. Sai alguns anos mais tarde munido da sua licenciatura em “import-export”.
Durante os seus estudos, treina-se em Yoyogi, um bairro de Tóquio, no dojo do Mestre Aragaki que ensinava o estilo Shoriu ryu. Aragaki reparou no jovem de Okinawa e pediu-lhe que ensinasse Goju-ryu. Higaonna partilhava a semana em duas: dava aulas às quintas, sextas e sábados e menos de dois meses depois setecentos alunos frequentavam as suas aulas. Tornava-se no Sensei Higaonna. Paralelamente aos seus treinos, continuou os seus estudos de kobudo sob direcção de Sensei Taira Shiuken [lapso de impressão, é, obviamente, Shinken], em perito em kobudo de Okinawa.
Higaonna começa igualmente a ensinar em numerosos dojos, incluindo uma secção na Universidade de Takushuki – esta última famosa pela formação de excelentes karatecas do estilo Shotokan. O jovem de Okinawa conseguia impor-se graças ao seu elevado nível técnico e à sua cortesia. Criou excelentes relações entre os professores de outros estilos e os praticantes de Goju-ryu. Higaonna começa, igualmente, a ensinar estudantes estrangeiros que são sempre muito bem recebidos no seu dojo.
Higaonna concede muita importância ao equilíbrio humano. Segundo ele o treino deve ser dividido entre técnicas duras e suaves, lentas e rápidas, com o propósito de estabelecer a harmonia a cada aspecto do individuo. Concede igualmente um lugar de importância ao ki-hon. Frequentemente cada técnica é repetida mil vezes ou mais. Os katas são igualmente muito importantes. “Da mestria das técnicas de um kata, fluí a facilidade e segurança no kumite”. Esta máxima grava-se no coração do jovem mestre. Basta vê-lo na demonstração do seu kata favorito “suparumpai” [lapso de impressão, é, obviamente, suparinpei] que efectua contra quatro adversários, para o percebermos.
Todavia não dissocia kumite de kata. O Karate é um todo que se deve descobrir progressivamente. Os professores de Okinawa opõem-se geralmente ao Karate de competição. Higaonna pensa que é uma etapa na progressão e que deve ser cada um a determinar a importância a conceder-lhe. Todavia, afirma, deve evitar-se cair na armadilha de um Karate “standartizado”, com eixo fundamentalmente em técnicas pontuantes, uma vez que o verdadeiro Karate não se confina a uns poucos movimentos.
Uma força extraordinária
A sua longa prática de chi shi e de halteres conferiu-lhe uma força extraordinária nas técnicas destinadas a agarrar e prender. E quando agarra um adversário na garganta, não é necessário a este possuir uma grande imaginação para perceber os danos que causaria tal ataque em combate real. Higaonna pensa que os peritos dos diversos estilos em vez de se envolverem em querelas inúteis deviriam trabalhar em conjunto para progresso do Karate. Lembrando-se da vida do Mestre Migaji [lapso de impressão, é, obviamente, Miyagi], Higaonna tenta aplicar os princípios deste. Jamais fumou ou bebeu álcool e continua a treinar todos os dias. Todos os anos regressa a Okinawa para treinar com o seu mestre e os seus companheiros. Quando lhe perguntei a sua definição de Karate, respondeu-me:
- É o estudo das relações humanas.
Se os professores de Karate são legiões, os verdadeiros mestres são raros. Higaonna é um deles.

Gérard Finot
(Karate, nº 21, Maio de 1976, pp. 36-39)

8/04/2016

BACK IN 1976 MORIO HIGAONNA IN HIS OWN WORDS...

... before Aniichi Miyagi have been " invented"...




8/03/2016

1997 EIICHI MIYAZATO INTERVIEW

At a time when those who owe him all, since they were all his students, and who inherited the association he founded, accept - and negotiate – the serious changes made to the history of Goju-ryu. I leave here the Grandmaster Eiichi Miyazato 1997 interview, never denied by those referred there. History should serve to teach and guide and not to support personal interests.